sexta-feira, 27 de julho de 2007
movimento interior
quando acordados, podemos olhar para dentro e podemos olhar para fora.
por vezes algo ou alguém nos chama com tanta força lá fora que é dificil reparar no que se passa cá dentro. outras vezes ficamos tão concentrados no interior que não vemos o que se passa mesmo ao nosso lado. Algumas vezes o que se passa lá fora entra por nós a dentro e outras vezes é o nosso interior que ganha tal força que nos leva a grita-lo cá para fora. isto passa-se com as pessoas cada uma individualmente assim como com os grupos de pessoas que estão perto relativamente a outras que estão mais longe.
por vezes olhamos para os outros e achamos que eles estão a fazer algo errado. pelo menos se fossemos nós no lugar dele faríamos de um modo totalmente diferente, ou no mínimo um bom bocado diferente. e nessas alturas pensamos que devíamos dizê-lo. ou achamos simplesmente que não vale a pena pois a nossa experiência diz-nos que ele não vai querer saber do que nós achamos. o casmurro. em algumas destas situações o outro até se interessa por nos ouvir. ouve-nos com atenção, avalia a ideia dele e a nossa e conclui que estava a fazer bem e que nós é que ainda não vimos o problema todo estando a faltar percebermos alguma coisa. explica-nos e ai ...
bem, umas vezes nós percebemos o que ele nos diz , mas outras vezes quem se recusa a ouvir somos nós.
em qualquer dos casos, seja como eu agora descrevi ou de lá para cá ou com outra permutação de possibilidades acho que o importante nestas questões de quem tem razão é precisamente não nos preocuparmos muito com quem tem precisamente razão.
quero dizer, é importante falarmos uns com os outros, é desse modo que evoluímos mais depressa, mas parece-me que a melhor atitude é simplesmente passar de uma forma modesta e desprendida a nossa ideia sem nos preocupar com estarmos certos ou não, isso cabe ao outro julgar. e devemos evitar o facto de considerar a avaliação do outro como um ataque directo a nós. ele fica a saber o que eu penso, eu fico a saber o que ele pensa e cada um como ser livre pensante tira a sua ideia da coisa com base no que sente sem achar que a sua ideia tenha que colidir com a do outro.
estão ambas certas no seu contexto especifico, ou seja o meu contesto valida a minha e o dele valida a dele. e se vier um terceiro e ficar aparentemente do meu lado ou do dele isso não é um reforço de um dos lados mas apenas a validação num terceiro contesto.
não é por estar a chover em lisboa, em paris e em nova york que isso vai inviabilizar o facto de estar sol no rio de janeiro.
por isso, partilhamos a nossa ideia na certeza que isso enriquece a ideia dos outros mesmo que eles não a validem e ouvimos as ideias dos outros mesmo que elas sejam contrarias às nossas pois mesmo contrárias vão sempre fortalecer a nossa e eventualmente ajudar-nos a muda-la.
e quem é que está certo ou errado? para quem? para a maioria? para as gerações futuras que vão conseguir ver o problema com uma confortável distancia e eventualmente mais alguns dados que nos faltam agora? para os primeiros eles que se lembrem que já várias vezes na história a maioria estava errada e para os segundos acho que a forma como o descrevi já contem o meu argumento.
mas eu não concordo com ele e até acho que ele é um retrogrado que comprou o cérebro ferrugento no ebay e nem reparou que era um leilão que vinha já do milénio passado. muito bem, se penso que sou assim tão mais evoluído do que ele e não sou capaz de o ajudar a subir até ao meu nível tão já perto do céu talvez já tenha percebido que não me vão dar bombons por isso. com alguma possibilidade, ainda vou perceber mais na frente que até era eu que estava errado. por isso o melhor é deixar-me destas tangas de superioridade e olhar o outro como estando ao meu lado no mesmo planeta. quanto mais evoluídos poderemos ser um em relação ao outro? é como dois miúdos de sete sentados no banco de trás do carro dos pais a tentarem ganhar o prémio do mais adulto. que interessa? estão os dois no banco de trás?
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